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“O meu nome é Legião, porque somos muitos” – S. Marcos 5:9

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No caminho para os mais diversos destinos da nossa vida, seja o percurso que realizamos todos os dias para o nosso trabalho, para a escola ou faculdade, nos passeios que fazemos para nos distrairmos e/ou esticarmos as pernas, nos supermercados, nas nossas corridas desportivas na rua, etc. passamos por muitas pessoas. Cruzamo-nos com elas, olhamos, não sabemos quem são porque não reconhecemos o seu rosto e depois esquecemos aquele momento.

Porque é que é fácil esquecer um rosto humano quando este não nos é familiar? É fácil esquecer um rosto que não nos é familiar porque o nosso cérebro apenas retém o que tem significado emocional, relevância pessoal para nós. Quando vemos um rosto desconhecido apenas uma vez, ele não ativa essas redes de memória com intensidade suficiente para deixar uma marca duradoura.

Mas todos nós, independentemente de reconhecermos o rosto da pessoa ou não, sabemos que esta tem um nome e tem uma história de vida. É curioso que nas Escrituras Sagradas Cristãs, em S. Marcos, conforme mencionado no título desta consideração, é lá mencionado que Jesus realiza um exorcismo ordenando ao demónio que abandone uma pessoa (não é mencionado o nome desta) que já vivia atormentada por muitos anos. Só que Jesus não se limitou apenas a expulsar o demónio, quis saber o nome deste. Ele respondeu “o meu nome é Legião, porque somos muitos”. 

 O que quero extrair deste episódio da vida de Jesus não é o significado religioso do mesmo, que para os fins a que este artigo se destina não é relevante. Aqui a questão na qual me quero centrar é no que a história nos diz acerca da impessoalidade com que levamos os processos básicos da vida e como estas afetam a nossa disponibilidade para nos “tornarmos muitos” no sentido espiritual desses mesmos processos. Reparámos que Jesus teve interesse em tentar saber o nome do demónio e que este respondeu que eram uma Legião? 

A pergunta é: Porque Jesus teve interesse em saber o seu nome? 

Na cultura da época, saber o nome de alguém (ou de um espírito) significava ter poder sobre ele. Ao perguntar o nome, Jesus queria que os espíritos se revelassem, expondo a sua verdadeira natureza para poder ele mesmo assumir o controlo da situação e libertar a pessoa do jugo opressor da presença do demónio.

Como é que esta informação nos ajuda na tomada de consciência e na conexão que podemos estabelecer com as pessoas? O mundo em que vivemos atualmente é um mundo muito impessoal, as pessoas amiúde só querem saber de si mesmas, passam pelos outros com a indiferença limitativa do ego que apenas serve como cortina de ferro que tapa a dimensão multi parietal da realidade. A humanidade atualmente é composta por mais de oito mil milhões de pessoas e por isso é impossível reconhecermos todos os rostos e sabermos de todas as histórias de cada um. Porém a um nível de compreensão fundamental o Universo “sabe” a sua própria história porque a impressão coletiva e individual de cada ser ou acontecimento fica dimensionalizada no horizonte de eventos do próprio Universo e a nível subtil no Campo Quântico onde a Consciência exerce a sua expressão.

Para vivermos em sintonia com este campo e desvendarmos a verdade total acerca de quem somos, “porque somos muitos” a nível coletivo embora sintamos o nosso corpo a nível individual, temos que deixar de apenas ver rostos na cara das outras pessoas. Temos que observar a floresta para além do espectro da árvore para podermos evoluir em conjunto nesta era de transformação. 

Assim, ao passarmos por cada pessoa podemos e devemos ser nós mesmos, mostrar o nosso lado genuíno, (porque não o nosso lado inocente?) e  devemos valorizar as pessoas pelo que são, não pelo que queremos que sejam, porque cada pessoa é uma expressão criativa de próprio Universo, única e indissociável do Todo.


 
 
 

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